O reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) disse nesta quinta-feira (3), ao Correio Debate, da Rede Correio Sat, que não teme a apuração aberta pelo Ministério Público Federal (MPF-PB) contra ele.
Valdiney Veloso Gouveia foi aprovado pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu 2022) para o curso de Engenharia de Produção na instituição, e virou alvo do MPF. Com 638,9 pontos, ele entrou pelo sistema de cotas como “ingressante de escola pública”.
Após a divulgação do caso, o MPF-PB deu início a uma investigação para verificar se a aprovação do reitor ocorreu dentro da legalidade.
Gouveia afirmou que o MPF-PB tomou a decisão acertada e que ele está agindo com “absoluta transparência”, apresentando documentos legítimos. O reitor usou uma rede social para mostrar o certificado de conclusão do ensino médio em escola pública.
Além de defender o papel do MPF, Valdiney disse que fizeram do caso um “evento”. “Algumas pessoas procuram tumultuar, fizeram disso um evento. São mais de 7 mil pessoas na UFPB aprovadas, poderiam fazer entrevistas com elas. Quem fez a seleção foi o cidadão Valdiney, não o reitor ou o professor”, afirmou.
AdufPB não vê ilegalidade, mas questiona
O Sindicato de Professores da Universidade Federal da Paraíba (AdufPB) disse, em nota, que pode não haver empecilho do ponto de vista legal para que o reitor assuma uma vaga de estudante na instituição, mas levantou dois questionamentos sobre o caso.
No primeiro, apontou que o reitor estaria tirando a vaga de alguém que possa estar começando a vida, vindo de escola pública, buscando a primeira graduação, o que já é difícil devido à escassez de vagas disponíveis nessa modalidade.
“Ser cotista é para quem necessita da cota, uma forma de reparação de inúmeras injustiças sociais cometidas pelo Estado. Será que esse sujeito, sendo professor titular da UFPB e reitor, ainda nas condições que se deram, sem o aval da comunidade universitária, precisa de cota para fazer uma segunda graduação?”.
O segundo ponto levantado pelo sindicato questiona sobre a disponibilidade dele para exercer a função de reitor enquanto estudante.
“Os cargos de direção exigem integralidade e disposição. Como garantir a qualidade da gestão sendo estudante, ou a excelência de estudante sendo reitor? Talvez essas duas funções, do ponto de vista qualitativo, sejam incompatíveis”.
UFPB deve explicar
A procuradora Janaína Andrade assinou um despacho determinando a instauração de Notícia de Fato para apuração inicial da representação de eventual favorecimento e/ou violação de regras para o ingresso na UFPB pelo sistema de cotas, no qual se insere o Sisu.
Segundo o MPF, a ‘Notícia de Fato’ é um procedimento inicial que tem por base a coleta de informações.
O documento impõe que a Pró-reitoria de Graduação (PRG) da UFPB deve se manifestar acerca do caso “de forma fundamentada”, o que precisa ocorrer em até 10 dias a partir da data em que a instituição for notificada.
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