Tempos Oscilantes
Agora é tendência culpar a pandemia por quase tudo. Crise na família, no trabalho, nos relacionamentos. Crise econômica, política e religiosa. Tudo está em crise. Mas o caos existia desde muito antes. Assim é o que me lembro. E você não?
Lembro que as amizades já eram frágeis. Que a corrupção corria solta. E que já existia fome e guerra em algum lugar.
A pandemia enclausurou algumas pessoas mas outras não. Muitas, aliás, continuaram dando o suor a cada novo dia que surgia. Em meio ao suor é certo que veio as lágrimas e o medo. O medo de morrer, coisa antiga entre os seres humanos, ficou mais latente e evidente, não há dúvidas, mas esse medo também é antigo e conhecido. Não ignoro uma verdade: O que estamos vivendo é algo histórico. Tal como a guerra, a pandemia é uma batalha química e biológica. De sobrevivência.
Vejam, nas duas grandes guerras mundiais acontecia também de existir uma parcela da população alheia a tudo o que ocorria no epicentro da luta. Eles viviam suas vidas tranquilamente como se nada estivesse acontecendo. Uma bomba foi lançada em Hiroshima. Milhares morreram e paralelamente outros milhares estavam fazendo suas compras diárias. Planejando seus sonhos.
Difícil pensar nisto, mas nesse momento, até você leitor concluir esse parágrafo alguem fechará seus olhos e dará seu ultimo suspiro.
O misterio da vida realmente não é o passado com seus enigmas, nem o futuro com seus dilemas. Mas o presente que nos desafia a vivê-lo com profundidade e verdade. E nunca foi tão difícil ser honesto. Não somente com o outro, mas principalmente consigo mesmo.
Uma honestidade que tem seu preço. Vale um dia feliz que seguido a outro pode tornar-se eternidade.
Colunista da Revista Premiada
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